quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Indústria naval prevê investimentos de US$ 55 bilhões

Os investimentos projetados pela indústria naval brasileira já chegam a US$ 55 bilhões, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O volume inclui dois novos estaleiros e várias encomendas de plataformas de petróleo e navios pela Petrobrás. No mês passado, ao visitar o estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o potencial do país na indústria naval. “Esse estaleiro é a fotografia que mostra que os dirigentes passaram a acreditar nesse país”, disse. “Esse país tem um potencial extraordinário para ficar dependendo de outros países”.

Quem não se lembra, na campanha de 2002, quando o presidente Lula criticava a política de FHC/Serra de encomendar plataformas e navios da Petrobras no exterior? A indústria Naval estava praticamente dizimada, fechando empregos para engenheiros, técnicos e metalúrgicos.
De 2003 para cá, a coisa mudou. A Petrobras passou a encomendar no Brasil. A ministra Dilma Rousseff foi fundamental para a retomada da Indústria Naval.Foi com o trabalho dela, quando elaborou o PROMEF (Programa de Modernização e Expansão da Frota), da Transpetro (subsidiária da Petrobras), que viabilizou a construção de 49 navios por metalúrgicos, técnicos e engenheiros brasileiros.

Na opinião do gerente do Departamento de Transportes e Logística do BNDES, Antonio Carlos de Andrade Tovar, a demanda atual é suficiente para justificar a construção de novos estaleiros no Brasil. Segundo Tovar, ao volume citado podem ser acrescidos outros US$ 15 bilhões projetados por petroleiras privadas que atuam no País – principalmente a OGX, do grupo empresarial de Eike Batista.

Outro investimento, que deve ser aprovado no ano que vem, são os US$ 4 bilhões de encomendas da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, na segunda fase do seu plano de renovação de frota. As petroleiras Shell, Statoil e Exxon devem ser as próximas a anunciar encomendas, disse o executivo.

“Diante desse volume de investimentos, há uma demanda gigantesca por novos estaleiros, novas empresas fabricantes, enfim, novos investimentos na cadeia para atender a essas encomendas”, afirmou Tovar, em conferência sobre o setor naval, no Rio. Ele ressaltou que os 13 maiores estaleiros do País ocupam hoje área total de 3,5 milhões de metros quadrados, menor do que uma única unidade de gigantes mundiais como o Daewoo ou o Hyundai, respectivamente com 4,2 milhões de metros quadrados e 6 milhões de metros quadrados de área.

“O Hyundai é um estaleiro capaz de cortar 2 milhões de toneladas por ano, fabricar 70 navios por ano, o que perfaz a média de um navio pronto a cada quatro dias. Perto disso, o volume brasileiro, com capacidade total de 500 mil toneladas de chapas de aço por ano, fica risível”, disse o gerente do BNDES.

De fato, a percepção da demanda crescente já movimenta os investidores locais. O consórcio Estaleiro Atlântico Sul (EAS), formado por Camargo Correa e Queiroz Galvão, já analisa áreas para a instalação de um segundo canteiro no Brasil – o primeiro está em Pernambuco. “Já estudamos 17 áreas e estamos avaliando a possibilidade”, disse o diretor da companhia Fernando Tourinho, em entrevista após evento do setor naval, ontem no Rio.

Segundo fontes, a Bahia larga na frente na disputa pelo empreendimento, que terá como objetivo construir navios de grande porte e plataformas de exploração e produção de petróleo. Se confirmado, o investimento vem somar-se a vários outros projetos, todos orçados entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, anunciados por OSX (também do grupo de Eike Batista, em Santa Catarina), Odebrecht (na Bahia), Jurong (no Espírito Santo) e outros dois ainda em negociação, no Ceará e em São Paulo.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio, Julio Bueno, os novos projetos podem ajudar a garantir competitividade da indústria nacional de navipeças, até mesmo em âmbito internacional.

Para Bueno, a concentração de um setor em um só Estado – como a indústria naval, que está praticamente 80% no Rio – é prejudicial ao País. “Temos de ter um olho no mercado interno, mas também precisamos nos voltar à descentralização.”

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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