terça-feira, 20 de outubro de 2009

Samuel Guimarães, o novo ministro de Assuntos Estratégicos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou hoje (20) o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) , embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que assume vaga deixada por Mangabeira Unger em julho último.

Criada em julho de 2008, a SAE tem como finalidade formular políticas de longo prazo para o desenvolvimento nacional. Até hoje, Samuel Guimarães vinha ocupando a secretaria geral do Ministério das Relações Exteriores. Ele assume a pasta com o desafio de formular políticas de longo prazo para combater as desigualdades sociais internas, reduzir as vulnerabilidades externas brasileiras e aprofundar o processo de integração sul-americana.

Formado na tradição do Itamaraty, reforçada pela gestão do chanceler Azeredo da Silveira (1974-1979), Samuel Pinheiro Guimarães é conhecido por suas posições em defesa de um projeto de desenvolvimento nacional e da integração sulamericana. Em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, foi afastado de suas funções do Ministério das Relações Exteriores, pelo então chanceler Celso Lafer, por suas posições contra a proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Com o governo Lula, Guimarães retomou posição de destaque na formulação da política externa brasileira.

Algumas das principais idéias do novo secretário de Assuntos Estratégicos podem ser encontradas no livro “Desafios brasileiros na era dos gigantes” (Editora Contraponto), lançado em 2006. Trata-se de um detalhado volume sobre os impasses do desenvolvimento brasileiro no conturbado cenário internacional pós-queda do muro de Berlim. Didaticamente, o embaixador aponta um a um os diversos projetos em conflito na definição dos rumos do país, buscando fazer um livro quase enciclopédico. São ao todo 12 ensaios, versando sobre os grupos em disputa pelo poder, as causas estruturais das dificuldades internas, como o desemprego, as más condições de vida e a violência, o papel do Estado e suas relações com as diversas modalidades do capital, o território, as estratégias econômicas e políticas de desenvolvimento e suas implicações culturais e sociais.

Guimarães defende que é impossível pensar a política externa sem levar em conta as características internas do Brasil. “As questões que atormentam o quotidiano dos brasileiros – ignorância, pobreza, violência, poluição, racismo, corrupção, arbítrio, mistificação, desemprego, miséria e opulência – são manifestações de extraordinárias disparidades, das crônicas vulnerabilidades e do desigual subdesenvolvimento que caracterizam a sociedade brasileira”. Para ele, as vulnerabilidades externas “estão intimamente vinculadas às disparidades internas e aos processos de concentração de poder que as criam a agravam”.
Mais informações em Agência Carta Maior.

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