quarta-feira, 10 de março de 2010

Blat, um promotor sob suspeita

Quem é o promotor de Justiça de São Paulo José Carlos Blat (foto), que pediu à Justiça, no dia 5, a quebra do sigilo bancário do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o bloqueio das contas da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop)? A mídia deu vazão aos ataques do procurador contra o PT, que requentou uma denúncia feita em 2006 e 2008, coincidentemente anos eleitorais, como 2010. Blat faz alarde em torno de um tema batido e tem ainda a desfaçatez de dizer que deve apresentar a denúncia à Justiça dentro de três meses, às vésperas da campanha eleitoral.
É mais um capítulo de uma história que mostra que parte da mídia está se transformando numa espécie de Comitê Gestor da campanha da oposição, com o objetivo de tentar desgastar a imagem do PT e da ministra Dilma. Não é à toa que tem surgido uma sequência de “denúncias” na mídia, umas novas, mas sem nenhuma fundamentação, outras requentadas, como a do caso Bancoop.

Mas a própria Veja, em 2006, fez uma reportagem que mostra que o procurador é suspeito de envolvimentos com bicheiros, contrabandistas. Contra o procurador de práticas não republicanas pesa ainda a suspeita de enriquecimento ilícito. Em 1998, o promotor José Carlos Blat entrou para o Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do qual foi afastado em 2004, em circunstâncias confusas. A Corregedoria o investigava por uma tentativa de livrar-se de multas no Detran e por um episódio estranho em que um carro oficial do Gaeco foi apreendido fora da cidade de São Paulo – com um criminoso ao volante. No fim de 2004, a Corregedoria do Ministério Público decidiu levar essas investigações a fundo.
A Corregedoria disse ter encontrado indícios de crimes mais graves contra o promotor...As primeiras investigações contra Blat colocaram em xeque suas ações contra desmanches de veículos roubados. Promotores afirmaram que uma seguradora de veículos indicava quais locais deveriam ser invadidos e quem deveria ser preso.

Blat também foi acusado de proteger o contrabandista chinês Law Kin Chong, preso em São Paulo. Em 2002, quando participou de uma força-tarefa antipirataria, ele teria dirigido o foco da investigação somente contra os pequenos contrabandistas, deixando Law livre para atuar. Uma advogada que trabalhava para o contrabandista visitava Blat periodicamente no Gaeco.

As investigações descobriram ainda que Blat mora num apartamento de Alfredo Parisi, que já foi condenado por bancar o jogo do bicho. Blat admite que, antes de se tornar promotor, foi sócio do filho de Ivo Noal, outro banqueiro do bicho, numa loja de conveniência.

Leia aqui a íntegra da reportagem em que o procurador é desmascarado.

Para ler a nota do PT sobre pirotecnia do procurador e dos órgão de imprensa em torno do caso Bancoop, clique aqui.


Lula defende novos atores para a solução dos conflitos no Oriente Médio

Às vésperas do início da viagem ao Oriente Médio – onde visitará Israel, Palestina e Jordânia – o presidente Lula defendeu que se pense “em novos interlocutores para a questão dos conflitos” naquela região do planeta. Lula fez esta avaliação em entrevista exclusiva à Associated Press concedida na terça-feira, 9. O presidente brasileiro rebateu, indiretamente, críticas ao papel que o Brasil pode vir a ter no processo.
“Primeiro, nós brasileiros respeitamos muito a determinação de cada país escolher quem ele quiser como negociador, como interlocutor. O que o Brasil tenta explicitar publicamente a todos os presidentes com quem conversamos, aos palestinos, a israelenses, aos árabes, aos americanos, aos europeus, é que é preciso que a gente comece a pensar em novos interlocutores para a questão dos conflitos no Oriente Médio. O Oriente Médio clama por paz, é necessário que tenha paz, e o correto seria que nós tivéssemos nas Nações Unidas a representatividade suficiente para coordenar o processo de paz e executar o processo de paz. Acontece que as Nações Unidas estão enfraquecidas, ou seja, a fotografia da geopolítica que governa as Nações Unidas hoje, no Conselho de Segurança, está muito distante do que nós precisamos”, disse.

Lula explicou que tinha duas teses para a questão. “A primeira é a seguinte: quem quer a paz no Oriente Médio? Nós temos que juntar de um lado. Depois, quem é que não quer a paz? Juntar do outro lado e começar a conversar, porque você tem gente de Israel que quer paz, você tem gente que não quer; você tem na Palestina gente que quer, gente que não quer. Você não sabe o que pensa a Síria, você não sabe o que quer o Irã, você não sabe o que quer o Catar, o que quer a Jordânia, o que querem os americanos, o que querem os franceses. Então tem que juntar todo mundo e dizer o seguinte: “Bom, vamos começar uma conversa franca, aqui, e vamos saber se a gente quer ou não quer paz no Oriente Médio”. Eu acho que não dá mais para ficar do jeito que está, sabe? Eu estou visitando agora o Oriente Médio, mas em maio eu vou visitar o Irã, e eu quero conversar com todo mundo para poder fortalecer a ideia de que através do diálogo você tem mais chance de construir uma política de paz no Oriente Médio”, afirmou.

Leia aqui a íntegra da entrevista.